Loading...

Tanto riso, oh, quanta alegria!


Contando com um elenco coeso e de primeira linha, lá estão Soraya Ravenle, Eduardo Dussek, Pedro Paulo Malta, Alfredo Del-Penho, Juliana Diniz e Sabrina Korgut se revezando na interpretação das mais de 100 marchinhas escolhidas para compor inicialmente um CD duplo e agora o DVD Sassaricando – E o Rio inventou a marchinha, um lançamento da gravadora Biscoito Fino. Os músicos instrumentistas da banda são o que há de melhor: Luís Filipe de Lima, que, além de tocar violão de 6 e 7 cordas, é o produtor musical, o arranjador e o regente; Alessandro Valente, cavaquinho; Dirceu Leite, flautas, clarinete, clarone e saxes; Oscar Bolão, bateria; Beto Cazes, percussão; Fabiano Segalote, trombone, e Gilson Santos, trompete e flugelhorn. O DVD é feito de marchinhas agrupadas segundo critérios estabelecidos pelos criadores de Sassaricando. Dirigido por Cláudio Botelho, o musical usa e abusa dos estereótipos e dos chavões representativos do gênero. Mas o faz com tanta liberdade e alegria que causa emoção e dá vontade de cantar e dançar junto com o elenco.No palco, vê-se que a grande estrela do show é mesmo a marchinha. Engrandecidas pelos arranjos tocados da forma mais competente, as cantrizes e os cantoatores se esbaldam, e com eles o público. Muitas vezes as imagens mostram na platéia pessoas que riem, choram, aplaudem, dançam... Sonham.Deve-se ressaltar o extraordinário trabalho feito por Luís Filipe de Lima. Se os arranjos instrumentais são mágicos, ainda mais fantástica é a solução dada às passagens de uma música para outra. Contando com um grupo de cantores cuja extensão vocal é bastante parecida, a “descoberta” de tons adequados, tanto para as mulheres quanto para os homens, de modo a não forçá-los em demasia e não tornar cada pot-pourri um pesadelo para os espectadores, é fantástica. A conjunção de acertos vistos no palco é o fator determinante para o sucesso da iniciativa de fazer um passeio pelo universo das marchinhas. Gênero musical pleno em deboche e em sátiras políticas e de costumes; repleto de romantismo e de graça. Impregnado de garra, o elenco – liderado por Soraya Ravenle e Eduardo Dusek – presta um grande serviço à alegria e à emoção. Há momentos musicais mágicos, feito o que todos cantam “Sassaricando” (Luiz Antônio, Oldemar Magalhães e Zé Mário), com direito a vocal aberto, encenação teatral e belos solos, tanto de Soraya quanto do trombone tocado por Fabiano Segalote. Outra boa sacada é a encenação de “Turma do Funil” (Mirabeau, Milton Oliveira e Urgel de Castro), quando o elenco desce à platéia. Mudanças de roupa se sucedem. A felicidade está na voz de cada um do elenco. O público, totalmente entregue à magia das marchinhas irretocavelmente escolhidas. Juliana dá show em “Serpentina” (Haroldo Lobo e David Nasser). Show que Dussek já havia dado com sua performance em “Touradas em Madri” (Braguinha e Alberto Ribeiro), e que Alfredo e Pedro deram com “Pierrot Apaixonado” (Heitor dos Prazeres e Noel Rosa). Ivana interpreta com emoção a “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes). E Sassaricando chega à “Cidade Maravilhosa” (André Filho). Todos cantando e Soraya Ravenle exprimindo no rosto o que o elenco e o público sentem: a alma serena; sensação de que nem tudo está perdido; e a certeza de que com as marchinhas é possível continuar sonhando. Pois, como diz Sérgio Cabral: “Um país que cria uma música tão maravilhosa não pode dar errado. O Brasil há de dar certo”.Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4, é produtor e apresentador do programa O Gogó de Aquiles, apresentado na Rádio Roquete Pinto FM do Rio de Janeiro às segundas-feiras, das 15h às 16h: www.fm94.rj.gov.br