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O violão sentido e mágico de Alessandro Penezzi


Em 1997, este piracicabano de 34 anos se formou em violão erudito na Escola de Música de Piracicaba – SP. Em 2005, tornou-se bacharel em música popular pela Unicamp. Seu primeiro trabalho solo, Abismo de Rosas (independente), é de 2001; o segundo, Alessandro Penezzi (independente), de 2006. Agora, lançado pela Capucho CDs e Produções Artísticas, Penezzi lança Sentindo, no qual o músico mostra por inteiro o ótimo compositor que traz o violão na alma. Instrumentista que também toca violão de sete cordas e violão tenor, cavaquinho, bandolim e flauta, a ele o violão deve o carinho com que é tratado. E retribui com a melhor das sonoridades da caixa e do braço por onde se estendem suas seis notas mi-si-sol-ré-lá-mi. O CD traz doze faixas. Destas, nove são de Alessandro Penezzi. E ele começa tocando a sua valsa “Sentindo”. Ali se vê que a delicadeza e a força se juntam para interpretar com desafetação a harmonia e com singeleza a melodia. Segue-se o seu choro “Saudades do Raphael”. Mais uma vez os dois, violão e Penezzi, se dão por inteiro. É quando o coração, as mãos e os dedos, reverentes à sonoridade perfeita do instrumento, demonstram que virtuosismo e suavidade são sinônimos. E o talento cede vez à humildade reverente à valsa “Sinuosa” (Maurício Carrilho), tocada com sentimento e arrebatadora simplicidade. Alessandro Penezzi é um violonista com asas de borboleta, e não dedos nas mãos, tamanha é a delicadeza com que preme as cordas de seu instrumento. Impressionam a limpeza e a pureza com que o instrumentista interpreta cada uma das músicas. Seus graves são “gordos”, os agudos, “leves”, tudo tocado em nome do amor ao violão e à música.Em cinco das doze faixas do CD, Alessandro Penezzi tem Sizão Machado no contrabaixo acústico e Alex Buck na bateria. Porém, logo na quarta faixa, “Delírio Brito” (Penezzi), a primeira em que se ouvem os convidados, a idéia de juntá-los se mostra equivocada. Se não pelo contrabaixo, pela presença da bateria. Não que Buck seja um mau baterista, ao contrário; mas ele parece não sacar a singeleza do tocar de Alessandro Penezzi. Sua performance, baseada em pratos, caixa e tambores, bate de frente com o que de melhor tem o álbum: o virtuosismo sem afetação do violão de Penezzi. Para o equívoco, contribui também a mixagem. Aguda, muitas vezes levando a bateria a disputar o primeiro plano com o violão, ela acentua o desacerto. Mas nada que impeça o prazer de mais ouvir Alessandro Penezzi tocando obras como a bela valsa “Quando me lembro” (Luperce Miranda), ou ainda recriando “Todo Sentimento”, obra-prima de Cristóvão Bastos e Chico Buarque. Ao final, tudo faz com que percebamos estar diante de um gênio com seu mágico violão e suas belíssimas composições.Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4