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O PRINCIPE DA MELODIA CUMPRE HOJE 82 ANOS


Francis Victor Hime é nome de príncipe, a quem ficariam bem mesuras e rapapés. Só que ele nasceu no Rio, e não é outro senão o nosso Francis Hime, príncipe, sim, mas da realeza dos compositores do Brasil. Afinal, Francis é da mesma alta linhagem de gente nobre como Tom Jobim, Carlos Lyra, Cartola, Chico Buarque, Sérgio Ricardo e Edu Lobo, para citar apenas meia dúzia.


Eu costumo dizer que ele é um dos melhores melodistas das Américas. É só assoviar “Atrás da Porta” ou “Trocando em miúdos”, ou mesmo as menos conhecidas, mas deslumbrantes “Minha” e “Último Canto” (ambas com Rui Guerra, feitas em 1965).


Tudo começou em 1957, quando Francis, que estudava na Suíça veio passar férias com os pais no Rio e tocou ao piano a “Valsa de Eurídice” (Tom-Vinícius, 1956) para o próprio Vinícius, amigo de sua mãe, a pintora Dália Antonina. Vinícius tomou-se de encanto pelo talento do rapazola de 18 anos e lhe anotou o nome na agenda.


A bossa-nova rolava solta no Rio, o Vinícius lançou outros parceiros imediatamente depois de Tom Jobim, como Carlos Lyra (a partir de 60) e Baden Powell (a partir de 62), e o Francis, que não acreditava que pudesse viver de música, continuava seus estudos, que o levariam a formar-se em engenheiro (1969, Faculdade Nacional de Engenharia). Uma vez mais o destino – um doce destino chamado Vinícius de Moraes – atravessou-lhe a vida e o fez compositor. Sua estréia, com “Sem Mais Adeus”, conquistou o Rio em 1963. A partir daí foi um não mais parar, inclusive participando dos vários festivais que levaram a MPB à estratosfera.


Em 1999, fiquei matutando sobre o tipo de homenagem e de rapapé que poderia o Rio prestar a seu Príncipe da Melodia, quando adentrasse os sessenta anos. E como não há melhor mimo para um artista criador que trabalhar, sugeri a Francis um presente às avessas, ou seja, que ele o daria ao Rio, cidade onde nasceu e mora. Imaginei uma “Sinfonia para o Rio de São Sebastião”, com cinco movimentos: Rio Colonial (o lundu), o Rio Imperial (a modinha), o Rio Belle Époque (o choro), o Rio da Época de Ouro da MPB (o samba) e o Rio dos aos 60 para cá (bossa-nova à testa). E as letras para a grande música de Francis? Cada movimento seria entregue a cinco letristas, poetas do porte de Chico Buarque, Rui Guerra, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Geraldinho Carneiro. Afinal, os dois últimos acabaram por desenvolver as cinco partes da Sinfonia.


Ou seja, Francis Comemora 82 anos, mas é o Rio que recebe o presente de sua atuação permanente a iluminar a cena artística.


Ricardo Cravo Albin.


Obs: Na foto, Francis Hime, ladeado pela parceira de vida e de música Olívia Hime, pela escritora Ana Maria Machado e R. C. Albin.


https://dicionariompb.com.br/francis-hime