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O compositor com asas e sonhos


Mesa posta, a alegria cresce com a noite. A pele arrepia com os tambores. O Manari, trio percussivo de Belém, mostra seu dom aos paulistanos do Quinteto em Branco e Preto. Ivan Lins chega para cantar... Sente-se o pulso do sonho. A manhã traz a chuva que teima em não ir embora. Do quintal, a árvore e a florada espiam. A emoção aguça. A guitarra de Dani Black arrepia. Vê-se o compositor e violonista Pedro Viáfora. O sax soprano de Vinicius Dorin chora no intermezzo da canção do jovem Pedro. A mata se abre à chuva. O frio desce. A solidão se junta ao medo e juntos voam, voam... Sizão Machado faz do baixo proteção. O pai fala da generosidade do filho adolescente e canta o amor por seu pai num rock alucinado. Na família Altério, ela que é dona da fazenda onde está o estúdio, o pai Rafael compõe, o filho Pedro canta e toca violão e Gabriel, o outro filho, é baterista. O violão de aço, tocado com slide por Webster Santos, vibra. Nilson Chaves vem de Belém e canta e toca violão. O trio Manari, de Marcio, Nazaco e Paturi, traz a solidez amazônica; Tati Parra canta; Thiago Rabelo (Big) está na bateria; Carlinhos Sete Cordas toca o sobrenome; Tó Brandileone canta e toca violão. A cuíca chora no lenço de Théo da Cuíca. O compositor macapaense Joãozinho Gomes diz que batuque é tudo. Caê Rolfsen aclama os tambores. Todos amparados pelo Manari. Rafael Altério canta, Thiago Costa está no acordeom e Lea Freire na flauta baixo. A cantoria abre as portas da fazenda; na conversa na varanda, Vicente Barreto canta. Direção, Túlio Feliciano. Comando das câmeras, Gabo Nunes. Criação da capa, Elifas Andreato. Concepção da iluminação, Marcelo Linhares. E todos, solidários com a viagem proposta, embarcam nas asas do sonho amalucado.  Meu Deus!A chuva para. O ar livre protege o sonho. O bambuzal sobressai na mata. Em volta da mesa mãos batucam no velho tampo de madeira. A chuva volta.Julho de 2009. Os instrumentistas vêm chegando. A fazenda Vila do Carmo, em Alambari, interior de São Paulo, os recebe com fervor. No auge de sua criatividade, Celso vê o mundo pelas palavras, e elas surgem como se fadadas a provar que sempre estiveram ali naquele verso concebido por um profeta ensandecido por belezas e inquietudes. Viáfora usa as palavras sem o pudor de se fazer profético ou filosófico. Usa-as sem temer ser instigador de emoções descontroladas. Recorre a elas para se fazer entender em suas angústias.Este é o sonho que Celso Viáfora, sem dúvida um dos maiores compositores populares do século XXI, realiza com o DVD Batuque de Tudo. Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4