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O autorretrato de Kleiton & Kledir


Dirigido por Edson Erdmann e produzido por Paul Ralphes, com direção musical deste e de K&K, o DVD foge à regra do show-gravado-ao-vivo-com-convidados-superimportantes. Todas as músicas foram registradas em formato de clipes bem elaborados. A alternância no uso da cor com o preto e branco dá um toque cinematográfico à documentação da vida desses dois grandes artistas brasileiros. Gravadas em estúdio, as musicas são privilegiadas, bem como a interpretação dada a elas por uma pequena, mas competente base de músicos instrumentistas. Elas são intercaladas por momentos em que de maneira elegante e inspirada Kleiton e Kledir, seja no belo e aconchegante cenário de suas próprias casas ou em seus automóveis, dizem textos curtos que tanto servem para apresentar as canções (são ao todo treze inéditas), como para pensamentear sobre o tempo da vida. Musicalmente em grande forma, a estética das composições da dupla atinge intensidade redobrada. Ora mordazes, ora introspectivas ou desabridamente singelas, suas letras continuam afiadas. Kleiton, com o violino branco e violões de nylon e aço, e Kledir, com violões também de aço e nylon, se dão em sons de amplo efeito.Suas vozes estão mais calibradas do que nunca. Isso se reflete em, por exemplo, “Pelotas” (quando fotos da dupla formam biombos que passam à frente deles); “Na Correnteza do Rio” (ótima a guitarra de Caio Fonseca); “O Tempo Voa” (Kleiton a anuncia dizendo que já viu o tempo parar! E Kledir elucida: "Por falta de corda, o pêndulo do grande relógio da sala da casa da família parava e só voltava a se mover quando o pai rodava a chave e o empurrava para a direita". E continua, dizendo que restou uma dúvida: o passado voltaria a ser presente caso o pêndulo fosse empurrado para a esquerda?); “Eva” (inúmeras atrizes se revezam em divertida coreografia) e “A Dança do Sol e da Lua”: “Terra, água/ Fogo e ar/ Canto noite e dia/ Lá no céu/ A Lua e o Sol/ Dançam sem parar”.O passado vira virou e fez história. Deu pra ti, baixo astral – os guris estão com a macaca. Diz que fui pra Nova Iorque – o calor aqui tá brabo –, ou pra Bagdá –, sei lá. Aventura em carne e osso deixa marcas no pescoço, faz a gente levitar. Essa Maria Fumaça é devagar, quase parada, oh seu foguista, bota fogo na fogueira. Barbaridade! Cadê meu advogado? Eu tô que tô. Lembrei de quando eu nasci. Os pardais faziam festa, naquela tarde de frio. Como uma rua infinita, o meu amor não tem fim. Alô tchurma do Bonfim, ser feliz é tudo que se quer. As gurias tão tri afim. Ah! Esse maldito fecheclair. Eu sou o mesmo guri. Navega coração. Pelotas minha cidade, lugar onde eu nasci, ando nos braços do mundo, mas sempre volto pra ti!Salve, Kleiton! Salve, Kledir!Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4