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A MORTE DE DANIEL AZULAY NOS DEIXA MAIS POBRES


Daniel Azulay foi meu amigo por mais de quarenta anos e frequentava nosso Instituto na Urca com frequência que sempre me deleitava. Arguto, culto, piedoso e bem informado, o que sempre foi, ele ora chegava para almoçar, ora chegava para tomar umas e outras, ora chegava para apenas jogar conversa fora.


Sabedor de como as instituições culturais estavam, como sempre, a capengar e a quase se findar por falta de recursos, de apoio, de ausência de beneméritos, ele, o menino sonhador e solitário, sem dinheiros a tirar do bolso, vinha ofertar sua arte, sua imaginação, sua boa vontade.


Ninguém registrou melhor sua morte do que o cronista Joaquim Ferreira dos Santos que depõe emocionadamente em sua coluna do Globo. “A última vez que nos vimos dá a impressão de ter sido há séculos, mas foi apenas em dezembro ou novembro do ano passado. Foi com certeza em outra civilização, uma felicidade típica do tempo em que os amigos estavam liberados para se encontrar, em seguida apertarem as mãos e bem próximos um do outro trocarem ideias sem máscaras. Era um acontecimento comum naquele ano de 2019 A.C (antes do coronavírus).


A morte de um amigo que se vai sem despedidas, sem o velório necessário, o caixão lacrado, é uma das maneiras de o vírus definir a crueldade de seu método e assombrar o futuro. Como serão as amizades? Como elas circularão pela cidade depois de sua passagem nefasta”, conclui Joaquim com sabedoria.


Ricardo Cravo Albin.