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Livros de viagem


Eu, que já experimentei a angústia de não ter o que ler por haver carregado apenas um livrinho para um acampamento chuvoso numa praia deserta, imagino o pavor dos competidores desses reality shows de confinamento na hora de escolher um único volume que o acompanhará durante meses de isolamento social. Numa situação dessas, nada melhor do que a Bíblia! À parte o teor de formação moral, são 73 livros com fatos históricos e narrativas empolgantes até para o mais empedernido ateu, que pode encarar como realismo fantástico episódios de destruição de cidades repletas de pecadores e transformação de desobedientes em estátuas de sal. Sem contar que vai ter base para a compreensão da estrutura social de boa parte do Ocidente.

O único inconveniente da Bíblia é seu transporte por quem não aderiu aos e-books. Depois do acampamento submerso, passei a carregar nas viagens um mínimo de quatro livros diferentes - um ensaio, um policial, uma seleta de textos diversos ou contos e um romance, somando um total de 800 páginas.  Alguns têm de ser cuidadosamente pensados para o caso de deixar com amigos ou anfitriões interessados, reduzindo o peso da mala no retorno. Leituras leves como o delicado Uma semana de inverno (Bertrand, R$ 44,90), da irlandesa Maeve Binchy, que fala do encontro de personagens excêntricos, hóspedes de uma pousada numa fictícia cidadezinha na costa da Irlanda. O fantasma (Record, R$ 49,90), mais uma  aventura do policial Harry Hole, também é perfeito para compartilhar com meus hospedeiros. Criado pelo norueguês Jo Nesbo, desta vez Harry está à procura dos culpados por crimes atribuídos ao filho de uma ex-namorada. Outro livro que pode ser deixado pelo caminho é Às urnas, cidadãos! (Intrínseca, R$ 49,90), que reúne crônicas do economista Thomas Piketty publicadas entre 2012 e 2016 na imprensa francesa. A crise econômica mundial, os deslocamentos populacionais, guerras e a política europeia são alguns dos temas abordados.

Entre os livros que viajam comigo, sempre há um que volta para casa. Um Uma leitura deliciosa é da edição de bolso de Drácula (Zahar, R$ 39,90), de Bram Stoker, novo lançamento dos Clássicos Zahar. O tamanho ideal para manuseio e leitura em meio de transporte apesar das mais de 600 páginas com a fascinante caçada ao conde romeno que se mantém imortal graças ao sangue dos outros, que encanta gerações de leitores há 120 anos.