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Lista de Natal – Ainda é tempo!!!


Dias bárbaros – uma vida no surfe (Intrínseca, R$ 59,90) ganhou o Pulitzer de biografia, mas poderia ser um livro de viagens – em todos os sentidos da palavra. O americano William Finnegan rodou o mundo surfando não profissionalmente por cerca de 18 anos. A descrição daquela vida nômade, exercendo diferentes atividades para sobreviver enquanto buscava boas ondas pela Ásia, Oceania e África é entremeada pelo relato de trajetória pessoal e os personagens que conheceu nesse tempo. As descrições de movimentos sobre pranchas podem ser enfadonhas para a maioria dos leitores, mas encantarão os surfistas, menos para aquele seu primo que ainda corre atrás de uma onda maneira.

Réquiem para o sonho americano (Bertrand Brasil, R$ 32,90), de Noam Chomsky, é tão empolgante quanto o documentário que deu origem ao livro, num trajeto inverso ao de tantos filmes. O texto veio da junção do material que não chegou a entrar no documentário. Chomsky disseca os conceitos que fortalecem o capitalismo e o Estado, englobando não apenas governo, mas o empresariado, numa prática que surge bem antes da atual organização econômica. Presente ideal para jovens e também para maduros de quaisquer matizes ideológicos, pois estimula o pensamento crítico.

Serei preso só por falar alemão (Autografia, R$ 45), de Jorge Roberto Zimmerman, trata de um obscuro episódio da história brasileira – o confinamento em campos de prisioneiros de imigrantes alemães, italianos e japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Baseado nos relatos que ouvia em criança, em Santa Catarina, o romance histórico e ficcional conta a perseguição aos alemães em Joinville, quando agentes do Estado Novo justificavam a prisão de quem falasse outras línguas que não o português.

George Lucas – Uma vida (BestSeller, R$ 69,90), de Brian Jay Jones, chega às livrarias com o novo filme da série Guerra nas Estrelas. Ao lado de Steven Spielberg, ele foi parte da geração que mudou Hollywood, como o amigo Francis Ford Coppola, na década de 1970. Além do apreço pelos  efeitos especiais, ele elaborou histórias com cunho moralista, trazendo a batalha do bem contra o mal para novas gerações, sem titubear até em alterar uma famosa sequência, fazendo do pirata Han Solo alguém menos implacável do que o arqueólogo Indiana Jones. Lucas não gostava de dirigir nem de escrever suas histórias, mas acompanhou cada fotograma de seus filmes até vender sua empresa para a Disney e sair de cena. Compensando a ausência de charme do nerd, o livro detalha aspectos interessantes na produção do cinema pipocão – ainda que evite deliciosas fofocas, como o romance entre Harrison Ford e Carrie Fisher no primeiro filme.

O que falta de fuxicada na vida de George Lucas sobra em Paul McCartney – A biografia (Companhia das Letras, R$ 89,90). Apesar do jeito de bom moço, o velho Macca foi o último dos Beatles a se casar, badalou pela Swinging London com pencas de mulheres bonitas debaixo do braço,  consumiu maconha regularmente até poucos anos atrás, dormiu no xadrez e acabou deportado do Japão por posse de drogas, protagonizou um divórcio escandaloso com a segunda companheira, teve música censurada em apoio à causa separatista irlandesa e tornou-se um radical militante da proteção ambiental e do vegetarianismo. E também virou o músico mais rico do planeta, compondo sucessos que estão nos corações e mentes de boa parte da humanidade, além de continuar rodando o mundo em turnês concorridíssimas.