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Lista de Natal 4 – Ainda dá tempo de ler o melhor do ano


15 contos escolhidos de Katherine Mansfield (Record, R$ 39,90), selecionados por Flora Pinheiro e traduzidos cuidadosamente por Mônica Maia, trazem a inquietude dos personagens criados pela neozelandesa que morreu aos 34 anos, deixando uma obra consistente, na qual tratou da descoberta da dor, das diferenças e das mudanças na vida que alteram a compreensão da existência.


A amiga genial (Biblioteca Azul, R$ 44,90) é o primeiro volume da Tetralogia de Nápoles, criada por Elena Ferrante, autora que foi assunto jornalístico no segundo semestre deste ano, não apenas por sua excepcional qualidade de romancista, mas pela descoberta – ou não - de sua identidade, já que assina sob pseudônimo.  Com mais de dois milhões de exemplares vendidos, a saga conta a trajetória de duas amigas de infância até a velhice, ambas buscando sair da pobreza numa Itália pós-Segunda Guerra Mundial. 


A gente vai se separar (Tinta Negra, R$ 31,50) nasceu do diário escrito por Ana Letícia Leal em 2002, enquanto acompanhava  o tratamento da mãe, que tinha um câncer no cérebro. Dirigindo-se à mãe, a filha tenta se lembrar das afinidades entre as duas, das músicas que ouviam juntas, da vida que construíram, uma com a outra. Um despedida que reapresenta o luto como uma parte da vida asséptica da modernidade, em que a morte é hospitalizada e distanciada da existência.
Cravos (Record, R$ 29,90), de Julia Wähmann, narra um romance de maneira fragmentada, pontuando encontros e desencontros por referências culturais da atualidade, como o trabalho coreográfico de Pina Baush e a música de David Bowie. A racionalização do afeto e das paixões no universo pop urbano intelectualizado convida o leitor a buscar na própria vivência o reflexo do que leu.


Cinco Esquinas (Alfaguara, R$ 49,90), de Mario Vargas Llosa, faz uma crítica melancólica, mas divertida, sobre os tempos da imprensa sensacionalista pela ditadura de Alberto Fujimori, nos anos 1990. Enquanto a burguesia peruana se fortalece economicamente e apoia o governo pelo combate aos grupos terroristas Sendero Luminoso e Tupac Amaru, a população tem que obedecer ao toque de recolher todas as noites e a imprensa enxovalha livremente reputações dos que se recusam a pagar caro para não terem segredos expostos.


Baseado em fatos reais (Intrínseca, R$ 39,90), de Delphine de Vigan, é montado para inquietar o leitor.  Uma escritora, que tem o mesmo nome que a autora do romance, sofre de bloqueio criativo, depois do lançamento de um best-seller sobre sua família. Uma ex-colega de colégio, ghost writer especializada em biografar celebridades, torna-se sua melhor amiga, quer ajudá-la a retomar a carreira, enquanto assume, aos poucos, sua identidade.

O Morro dos Ventos Uivantes (Zahar, R$ 69,90) ganhou uma das caprichadíssima edições comentadas da  excelente coleção Clássicos Zahar. Lançado há quase 200 anos, o único romance da inglesa Emily Brontë traz a história de um amor trágico, que se alimenta da destruição de quem tenta interferir no desarranjo romântico entre a jovem herdeira Catherine e seu irmão de criação, Heathcliff, obstinado em mostrar seu valor pessoal para ter lugar na sociedade que o rejeita. A ascensão financeira de Heathcliff, no entanto, não lhe garante o casamento com Catherine, apesar da paixão do casal.