Loading...

Lindo e profundo


Mas outro predicado em especial faz de Amelia uma cantora diferenciada: o repertório! E é com uma seleção primorosa que ela nos chega com o CD A delicadeza que vem desses sons (Acari Records).Para tocar os arranjos de Cristovão Bastos, Afonso Machado (bandolim), Ana Rabello Pinheiro (Cavaquinho), Aquiles Moraes (flugel horn), Celsinho Silva (ritmo), Cristovão Bastos (piano e teclado), Glauber Seixas (violão), João Lyra, Julião Rabello Pinheiro (violão de sete cordas), Luciana Rabello (cavaquinho), Magno Júlio (ritmo), Marcelo Bernardes (clarinete, flauta), Everson Moraes (trombone), Marcus Thadeu dos Santos (ritmo) e Pedro Aune (contrabaixo).“Santa Voz” (Baden e Paulinho Pinheiro). Amelia e o violão iniciam. A delicadeza emoldura a beleza. Lindo início, prenúncio do que virá.“Seu Ataulfo” (Radamés e P. Pinheiro). Piano e tamborim iniciam o samba. Violão, cavaquinho balançam. Um belo solo de piano relembra mestre Radamés.“Tempo Perdido” (Ataulfo Alves). Samba em tom menor. A sessão rítmica se junta aos violões e a malemolência à melancolia.“Pela Noite (Depois dos Arcos III)” (Luiz Moura, Afonso Machado e P. Pinheiro). Choro-canção que relata as andanças de um boêmio solitário na Lapa antiga. “Descuido” (Julião Pinheiro e Paulinho Pinheiro). Letra com a marca do poeta. Valsa com a marca do filho do poeta, e só o seu sete cordas e a voz de Amelia...“Tanta Despedida” (Moacyr Luz). Violão, piano, baixo e cavaquinho desfilam a harmonia do belo samba composto em homenagem a Amelia. O clarinete dá o molho. “Chave da Porta” (Luiz Moura e P. Pinheiro). Samba lento. O piano e o violão iniciam. O baixo marca. O intermezzo e o final cabem ao flugel. Só delicadezas.“Velho Ninho” (Cristovão Bastos e P. Pinheiro). O piano soa. O violão vem com ele. Chega o tamborim. A cuíca surge, também o surdo. O samba se forma.“Estigma” (Luciana Rabello e P. Pinheiro). Só piano e a voz de Amelia. A música é presente. A beleza é futuro. O passado é hoje... Versos, melodia, voz. Lindo! “Velhos Chorões” (Luciana Rabello e P. Pinheiro). Da letra saiu o verso que dá título ao CD. Como se numa varanda, choram cavaquinho, piano e violões...            “Alma Vazia” (Roque Ferreira). A introdução indica o belo samba que virá. Amelia canta com sobriedade. Os instrumentos acarinham a visão musical de Roque.“Gota de Mágoa” (Ana Rabello e P. Pinheiro). Pai e filha se juntaram para criar um samba pleno de carinho e cantado com recato. O trombone resume tudo.“Com as Mãos Vazias” (Pedro Amorim). É fecho com chave de ouro. Lindo, profundo, assim como tudo cantado por Amelia nesse seu formidável A delicadeza que vem desses sons.Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4PS. Foi-se o Altamiro Carrilho... Meu Deus!