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Entrevista com o leitor


Lembro-me, particularmente, de uma resposta sobre o que eu esperava do grande amor de minha vida. Para causar impacto, disse que gostaria de encontrar alguém que me desafiasse. Eu tinha 11 anos e passava por enigmática e sábia. Ou seja, o caderno de perguntinhas foi também um exercício de ficção.

E nesses tempos de vida virtual, em que todos abrem segredos nas redes sociais, uma aposta simpática chega para as meninas brasileiras. Meu livro de perguntas (Verus, R$ 25) reproduz as linhas de um caderno pautado, com espaço para (apenas) dez pessoas escreverem sobre  família, lazer, cultura, amizade e, claro, amor! Elaborado por uma equipe da própria editora, com ilustrações divertidas, o livro é dirigido, claramente, a meninas. Faltam talvez perguntas um tanto indiscretas, que, no meu tempo era a absolutamente ultrapassada “Já beijou alguém? Quando, quantas vezes, quem e quantos outros?”.  Hoje, a investigação seria, provavelmente, mais invasiva...

Interagir com os livros é um dos objetivos da designer de guerrilha Keri Smith, que incita a participação do leitor na criação e destruição de algumas páginas – algo que me constrange a ponto de apenas folhear suas publicações.

O mundo imaginário de ... (Intrínseca, R$ 29,90) é quase um manual de escrita criativa. Observações filosóficas e recomendações (que a gente ouve de amigos, dos pais ou lê em livros de autoajuda) estão lá, com a clara intenção de fazer o leitor protagonista de sua própria história. Redigir um manifesto, descrever uma casa, ruas, cidades – tudo é pedido por Keri, que indica a pesquisa bibliográfica em Dicionário de lugares imaginários (Companhia das Letras, R$ 74 – mas está esgotado até em sebos), de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi, e em História das terras e lugares lendários (Record, R$ 180), de Umberto Eco. Leituras essas que exigem maturidade a quem aceitar a proposta da autora.