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Em busca da novidade


A busca pelo conhecimento e a criação são o pano de fundo de uma das mais conhecidas – e distorcidas – tramas clássicas, montadas por uma adolescente de 18 anos, disputando com amigos quem inventava a melhor história de terror. Um cientista dá vida a uma criatura construída com restos de corpos humanos. Horrorizado com sua criação, ele foge da criatura, que passa a persegui-lo. Lançado em 1817, Frankenstein (Zahar, R$  49,90), de Mary Shelley, traz mais do que um enredo angustiante, mas pede a reflexão para questões existenciais como os limites da ambição e da vaidade, o contraste entre a frieza científica e o carinho de pais por filhos. O mais novo lançamento da coleção Clássicos Zahar tem apresentação e notas do escritor Santiago Nazarian, a introdução que a própria Mary Shelley escreveu  e o prefácio de seu marido, o poeta Percy Busshe Shelley para a primeira edição.

Desafiar a natureza é o tema de Vovô deu no pé (Intrínseca, R$ 49,90), do ator e roteirista David Walliams, que acumula elogios e prêmios desde o momento em que se transformou em escritor de literatura infantojuvenil. Ganhou o National Book Award de melhor livro infantil em 2012, 2013 e 2014, sempre com histórias que misturam o fantástico ao inusitado da vida real. Nesta, o menino Jack ajuda seu avô, um ex-piloto de guerra, a fugir do asilo Torres do Crespúsculo, administrado por uma enfermeira sinistra. O menino e seu avô não se rendem às proibições que a velhice impõe ao idoso que já não tem memória recente, mas que se lembra perfeitamente de suas aventuras de juventude e pretende voltar a experimentá-las. Divertido, mas tocando em pontos que preferimos deixar de lado – os cuidados com os idosos, o confinamento dos doentes, o isolamento dos que não oferecem nada mais à sociedade -, o texto tem elementos que se estruturam para agradar a leitores de todas as idades.

Estimular a criatividade é lutar contra as convenções e progredir, lembra Rod Judkins, professor da St Martin’s College of Art, uma das mais importantes escolas de arte do mundo.  A arte da criatividade (Rocco, R$ 39,50) derruba, no entanto, o mito de que a inspiração é o mais importante fator na criação de algo novo e inusitado. Artistas, como cientistas, são obcecados, perseguem objetivos, mas sem a rigidez dos que se apegam a métodos como se fossem receitas de bolo. Contando casos, enumerando exemplos, Judkins fala sobre improviso e trabalho duro, chamando o leitor a ousar, ativando sua curiosidade para desenvolver um produto melhor do que os oferecidos pelo mercado. Embora insista na necessidade de quebras as regas estabelecidas, Judkins fez um livro motivacional cuidadoso, fruto de um planejamento para discorrer sobre a mesma máxima: “dedicação é o segredo do sucesso”. Sua inovação? Proporcionar uma leitura agradável e que aparenta revelar uma nova maneira de ser bem-sucedido.  Um olhar vintage sobre o segmento de autoajuda.