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De Pelotas para o Brasil


Segue-se “Então Tá”, parceria de K&K, em que citam Nelson Sargento: “(...) Você finge que me ama/ E eu finjo que acredito”. Bacana! Só que soa estranho, logo após se abraçarem, exaltando as virtudes do amor de irmãos, cantarem uma ironia que parece desdizer a intenção da versão de Kleiton para os versos de Simon. Se foi um chiste, legal! Se não, foi bobeada do roteiro. Outro vacilo se acentua no decorrer do espetáculo: o som das vozes, quando o pau quebra, tende a ficar encoberto pelos instrumentos. Dá até vontade de recorrer às legendas em português (sim, tem, e também em inglês e espanhol) para melhor entender as letras de Kleiton e Kledir.E tome sucesso: “Nem Pensar”, “Fonte da Saudade”, “Vira Virou”, “Tô que tô”, “Deu Para Ti”... Os meninos, em forma esplêndida, estão cantando e tocando como nunca. Amadurecidos, suas vozes e seus instrumentos se completam harmoniosamente. Bons cantores e instrumentistas, excelentes compositores, suas melodias se igualam em inspiração com seus versos criativos, cheios de belas imagens e impregnados de saudável bom humor.   A direção musical é de K&K, Paul Ralphes e Dudu Trentin (também tecladista e pianista no show); os outros músicos são: Adal Fonseca (que pegada tem esse baterista, Deus do céu!), André Gomes (baixo e guitarra) e Luciano Granja (guitarra, guitarra de 12 cordas e violão de aço). Com arranjos em que o pop se revela o carro-chefe da intenção musical que têm Kleiton & Kledir, os dois irmãos e mais o quarteto incendeiam a platéia, fascinada por eles. A alegria está estampada em seus rostos. Suas performances seguem em entusiasmo crescente, característico daqueles que percebem cumprir, no próprio ato do trabalho, o dever sagrado de mostrar-se por inteiro, enquanto demonstram o prazer de estar ali, peito, garganta, almas e braços abertos à música.Um dos momentos altos do DVD se dá na entrada em cena do irmão mais novo de K&K, Vitor Ramil. Bom compositor, Vitor compõe ali, com seus irmãos, um trio fugaz, por isso mesmo tão intenso. A versão que dão à “Estrela, Estrela” é emocionante.Soa extemporâneo, entretanto, o segundo número apresentado pelo trio. “Vento Forte”, de José Fogaça (que de forma alguma é ruim), não tem, todavia, força suficiente para manter a carga emocional despertada por “Estrela, Estrela”, música que deixa na platéia o gosto da lágrima que entra pelo canto da boca, depois de escapulir dos olhos – melhor seria ter deixado saudade. Abro parêntese: não se pode falar dos três irmãos Ramil sem fazer referência àquela que lhes dá suporte tão carinhoso como profissional para que vão em frente com suas carreiras musicais. Refiro-me a Branca Ramil, uma das produtoras mais competentes em ação na MPB desde muito tempo. Parêntese fechado.Após cantarem a deliciosa “Maria Fumaça”, quando dão um show performático, graças a versos cheios de esperteza, é hora de o espetáculo acabar, e acaba para cima, com um arranjo pop puro para “Deu Pra Ti”.Deu pra ti, baixo astral, pois diretamente do palco do Salão de Atos da PUC-RS – Porto Alegre nos vêm Kleiton Ramil e Kledir Ramil. O som dos guris, nascidos em Pelotas e crescidos lá pelas bandas do paralelo 30, voa a bordo de seu primeiro DVD gravado em busca de paralelos de outras tantas dezenas. Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4 e autor de O Gogó de Aquiles, ed. A Girafa. Seus textos são publicados semanalmente no Acontece na  no Diário do Comércio (ACSP), Meio Norte (Teresina), A Gazeta (Cuiabá), Jornal da Cidade (Poços de Caldas) e Brazilian Voice (EUA). No rádio, sempre às segundas-feiras, das 15h às 16h, "O Gogo de Aquiles" vai muito bem, obrigado. Você poderá escutá-lo (no Rio de Janeiro) sintonizando diretamente na Rádio Roquete Pinto, ou (fora do Rio) na internet: www.fm94.rj.gov.br .